quinta-feira, 9 de julho de 2020

66,06 % dos votos dos belo-horizontinos não foram para os vereadores diplomados, em 2016. É o sistema “toma lá, dá cá”.


66,06 % dos votos dos belo-horizontinos não foram para os vereadores diplomados, em 2016. É o sistema “toma lá, dá cá”.
Nas últimas eleições, o voto de 788 mil eleitores de Belo Horizonte não foi para o vereador cuja foto apareceu para ele na urna eletrônica. Isto vai se repetir em 2020.

Para tentar ilustrar como o sistema de eleições de cargos proporcionais molda a estrutura de poder político do Brasil à estrutura de poder econômico, estimula a corrupção e explica porque o Presidente Bolsonaro não vai conseguir acabar com “sistema toma lá, dá cá” - de presidencialismo de coalizão (sem uma reforma eleitoral), segue uma rápida visão da eleição de vereadores do Município de Belo Horizonte, em 2016. Os dados foram publicados pelo TRE-MG.

Na última eleição de vereadores de Belo Horizonte, 1.396 cidadãos se candidataram às 41 cadeiras de vereadores. O que explica que 66,06% dos votos não foram para os vereadores diplomados é que eles receberam, cada um, menos votos nominais que o quociente eleitoral - de 29.121 votos. Por exemplo, para se eleger, a vereadora diplomada mais votada, Áurea Carolina - PSOL, precisou de 11.701 votos entre votos de legenda (do partido) e votos nominais de outros candidatos. E o vereador diplomado com menos votos, Osvaldo Lopes - PHS, precisou de 26.103 votos, além dos seus nominais, para se eleger (43 candidatos não diplomados receberam mais votos que Osvaldo Lopes).

No total, os vereadores diplomados receberam 310.055 votos dos 1.193.967 votos válidos. Foram 788.771 votos nominais para os demais 1.355 candidatos não diplomados. Entre os últimos, provavelmente, grande número de autênticos líderes locais, candidatos novos e cabos eleitorais que “puxam” votos para os vereadores com maior poder econômico, os denominados “cabeça de chapa”, onde chapa significa partido – que são os diplomados.

Na prática, isto significou que no caso de Belo Horizonte, em 2016, para ser diplomado, o candidato precisou de 29.121 votos do seu partido, totalizados entre seus votos próprios nominais e os votos nominais de outros candidatos de seu partido, com menos votos que ele.

Quais são os principais problemas desse sistema de eleição de cargos proporcionais?

(1) A maioria dos parlamentares inicia sua vida política como vereador. Se o poder emana do voto e o voto não vai, na maioria das vezes, para quem se vota, indo para quem tem mais recursos financeiros, tem-se um sistema político viciado em eleger representantes mais ricos do que líderes autênticos.

(2)Para se eleger nos cargos proporcionais, é melhor ter mais votos que seus colegas de partido do que ser fiel a um programa. Esta é, na minha opinião, a principal força motriz do enfraquecimento do sistema partidário e fragmentação partidária.
(3) O custo de uma eleição do sistema proporcional, em relação ao sistema distrital, é muito, muito elevado, fazendo que a primeira prioridade do parlamentar seja, necessariamente, a busca de recursos financeiros para manter seus cabos eleitorais e se manter próximo da “cabeça da chapa”. Na minha opinião, esta é a verdadeira força motriz do presidencialismo de coalizão. E muitas vezes, de corrupção.

Mas a pior parte da eleição de cargo proporcional ainda fica mesmo para nós eleitores:
- em 2016, os votos dos belo-horizontinos, na maioria das vezes (788 mil vezes!), não foi para o candidato cuja foto apareceu para eles na urna eletrônica;
- o belo-horizontino, por falta de representatividade, precisou de se agarrar às redes sociais;
- e na eleições municipais de todo Brasil, em 2020, ... isto vai se repetir, de forma muito semelhante.

Autor: David de Hollanda Vianna, belo-horizontino, observador de eleições, é radical pela democracia indireta. (Filie-se a um partido)

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Consulta pública: fim do voto de legenda.

https://www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaoideia?id=50056



segunda-feira, 18 de junho de 2018

Voto Distrital nos Estados Unidos

https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/06/17/Como-%C3%A9-a-vota%C3%A7%C3%A3o-para-a-escolha-do-Congresso-nos-EUA

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Porque voto distrital?

No Brasil existem eleições majoritárias, que elegem o presidente, governadores, prefeitos e senadores. Ganham as eleições os candidatos que receberem mais votos.

No Brasil também existem eleições proporcionais, que elegem os deputados federais, os deputados estaduais e os vereadores. Naturalmente, pensamos que ganham estas eleições quem tem mais votos, mas não é assim. Ganham as eleições os cabeças de chapa dos partidos que receberam uma quantidade de votos superior ao quociente eleitoral.

Entendeu? Que bom, porque não é tão fácil de entender. Aliás, é tão difícil, mesmo para pessoas com grau de instrução significativo, que, na minha opinião é mais fácil mudar o sistema de proporcional para distrital, do que explicar à população como é a apuração das eleições. E que estão sendo enganadas ao escolher o "melhor candidato".

Numa eleição proporcional, falar em votar no melhor candidato, na minha opinião, é enganação, porque a apuração não é como a majoritária.

Exemplo: Nas últimas eleições em Belo Horizonte, o quociente eleitoral (número mínimo de votos por cadeira de cada um dos 41 vereadores) foi de aproximadamente 29.000 votos. Mais de 1000 candidatos. Os vereadores eleitos receberam, no total, menos de 25 % dos mais de 1 milhão de votos válidos. Os demais 75% dos votos necessários para completar o quociente eleitoral vieram dos votos de outros candidatos do partido, o voto de legenda. Votos de pessoas que votaram ingenuamente em um dos outros bons 950 candidatos....

Por isto sou a favor do voto distrital. Cada partido poderia, por exemplo, indicar um único candidato para cada distrito. Desta forma a apuração seria igual à majoritária, mais fácil de entender.

Sou a favor do voto distrital puro. Só para vereadores. Deixemos os deputados para depois...se não complica.

A PEC523 do voto distrital misto pode ser votada em breve. Se tiver interesse, veja os links na coluna da direita do Blog. E divulgue.

David de Hollanda Vianna - dvianna3@gmail.com